O coração-espelho
A Vida de Antão fala da «natureza», mas na Vida de Pacômio, é questão do coração:
Pacômio, como Antão, lutou contra os demônios. Ele demanda e obtém de não mais sucumbir ao sono. Graças à pureza de seu coração, via por assim dizer o Deus invisível como em um espelho.
O coração é o lugar da contemplação de Deus: se é puro, Deus se reflete nele, «como em um espelho». O «coração-espelho é a transposição em um metáfora ótica do tema teológico da imagem e da semelhança.
O reflexo de Deus no espelho do coração é a imagem de Deus que habita invisível. Mais o coração é puro, mas Deus se deixa ver em sua imagem. A visão de Deus que se forma no coração prepara a visão de Deus face a face. Esta relação entre a pureza do coração e a visão de Deus é a beatitude própria ao coração (Mt 5,5).
Esta metáfora do coração-espelho será sobretudo desenvolvida pelos capadócios em uma perspectiva trinitária ou, mais precisamente, pneumatológica.